sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Um sorvete e uma taça de vinho


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       Para tudo que tá te destruindo, agora.

      Ou não para, vai com calma, que faz tempo que você tá tentando, mas o mundo todo tá te atrapalhando. Sim. Até mesmo os que estão tentando te ajudar, porque eles mesmos podem estar tentando enquanto você não vê.

      Eu assisti um a um vídeo de uma psicóloga, que fez com que alguma coisa aqui dentro se movimentasse. Algo que encaixou com alguma coisa que a terapia me trouxe, que encaixou com alguma coisa que a vida me trouxe, que encaixou alguma coisa que uma amiga viveu, que encaixou com alguma coisa que eu percebi olhando pra alguma menina na rua, porque no fim, tudo é assim, tudo se encaixa.

      Se você acha que agora tá no caminho certo, parabéns, porque pra quase 100% das pessoas, a vida é uma grande frustração. Se você realmente acredita que tá tudo perfeito agora, você tá errado, ou você é um ser humano premiado na face da terra, ou você enlouqueceu.

      Para de se odiar por isso, ou só para de se sentir obrigado a achar que tá tudo bem. Para de achar que você tem que amar lavar a louça porque é sinal de que você teve o que comer; para de achar que você tem que amar cada coisinha na sua vida; para de achar que você tem que amar o que vê no espelho (porque as estrias que a gravides me deu são prova desse amor, ou porque a barriga que a cerveja me deu é prova de que eu curti a vida).

        Apenas pare.

      O contrassenso que a gente vê por aí chega a dar um nó na cabeça, mas principalmente no coração e no estômago.

       De um lado, o padrão que a sociedade impõe e que muda a cada ano, delimitando tudo entre o entre os manequins 36 e 38, pra deixar tudo mais difícil. De outro, uma nuvem que vem dizendo: se aceita e se ama como você é, porque você é linda assim.

        O problema tá no meu manequim 44, tá em mim que olho no espelho dizendo que tá tudo bem enquanto o que quero mesmo é pelo menos me aproximar do padrão, já que eu sei que a minha bunda é grande e o 40 vai entrar rasgando mesmo que eu seque, porque com 12 anos eu já usava esse tamanho, e sempre sobrava na cintura, mas menor que isso não passava na minha coxa.

        O problema tá em tanta gente que usa manequim 40 e não admite isso, e acha um absurdo que uma coxa encoste na outra, e acorda às cinco da manhã pra ir pra academia, enquanto posta que tá pago, reza pra gordura (que deve ser a oleosidade da pele) sair e diz que a gente tem que se aceitar mesmo sendo gordinha.

        Para. Você não é um pedaço de pano. Uma coisa é você usar vestido longo num verão e short jeans no outro, outra coisa é usar sutiã 50 num ano e 42 no outro, simplesmente não dá pra se adaptar ao que as revistas ditam.

        Calma. Você não precisa aprender a amar os defeitos que você tem, você precisa aprender que você não é obrigado a amar esses defeitos, e descobrir o que é que você precisa arrumar na sua casa, e o que falta na sua mobília, e como você pode completar e organizar o que der, e como você pode conviver com o que não puder ter.

        Vai devagar. E entende que o caminho dói sim, que é difícil aprender a viver com as faltas que a gente tem, pelo simples fato de que muitas vezes a gente nem sabe o que tá faltando e vai tentando ocupar o espaço com qualquer outra coisa que encaixa ali.

        Eu não sei o que você está esperando, que falta você tem. Eu nem sei o que eu tô esperando, mas eu sei bem que não adianta correr pra tentar arrumar as coisas, eu só não sei como a gente faz pra saber lidar com isso. Mas enquanto eu tento descobrir, eu vou ficar aqui, com a minha terapia, um sorvete e uma taça de vinho.

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