Para tudo que tá te destruindo, agora.
Ou não para, vai com calma, que faz tempo que você tá
tentando, mas o mundo todo tá te atrapalhando. Sim. Até mesmo os que estão
tentando te ajudar, porque eles mesmos podem estar tentando enquanto você não
vê.
Eu assisti um a um vídeo de uma psicóloga, que fez com que
alguma coisa aqui dentro se movimentasse. Algo que encaixou com alguma coisa
que a terapia me trouxe, que encaixou com alguma coisa que a vida me trouxe,
que encaixou alguma coisa que uma amiga viveu, que encaixou com alguma coisa
que eu percebi olhando pra alguma menina na rua, porque no fim, tudo é assim,
tudo se encaixa.
Se você acha que agora tá no caminho certo, parabéns, porque
pra quase 100% das pessoas, a vida é uma grande frustração. Se você realmente
acredita que tá tudo perfeito agora, você tá errado, ou você é um ser humano
premiado na face da terra, ou você enlouqueceu.
Para de se odiar por isso, ou só para de se sentir obrigado
a achar que tá tudo bem. Para de achar que você tem que amar lavar a louça
porque é sinal de que você teve o que comer; para de achar que você tem que
amar cada coisinha na sua vida; para de achar que você tem que amar o que vê no
espelho (porque as estrias que a gravides me deu são prova desse amor, ou
porque a barriga que a cerveja me deu é prova de que eu curti a vida).
Apenas pare.
O contrassenso que a gente vê por aí chega a dar um nó na
cabeça, mas principalmente no coração e no estômago.
De um lado, o padrão que a sociedade impõe e que muda a cada
ano, delimitando tudo entre o entre os manequins 36 e 38, pra deixar tudo mais difícil.
De outro, uma nuvem que vem dizendo: se aceita e se ama como você é, porque
você é linda assim.
O problema tá no meu manequim 44, tá em mim que olho no
espelho dizendo que tá tudo bem enquanto o que quero mesmo é pelo menos me
aproximar do padrão, já que eu sei que a minha bunda é grande e o 40 vai entrar
rasgando mesmo que eu seque, porque com 12 anos eu já usava esse tamanho, e sempre
sobrava na cintura, mas menor que isso não passava na minha coxa.
O problema tá em tanta gente que usa manequim 40 e não admite
isso, e acha um absurdo que uma coxa encoste na outra, e acorda às cinco da manhã
pra ir pra academia, enquanto posta que tá pago, reza pra gordura (que deve ser
a oleosidade da pele) sair e diz que a gente tem que se aceitar mesmo sendo
gordinha.
Para. Você não é um pedaço de pano. Uma coisa é você usar
vestido longo num verão e short jeans no outro, outra coisa é usar sutiã 50 num
ano e 42 no outro, simplesmente não dá pra se adaptar ao que as revistas ditam.
Calma. Você não precisa aprender a amar os defeitos que você
tem, você precisa aprender que você não é obrigado a amar esses defeitos, e
descobrir o que é que você precisa arrumar na sua casa, e o que falta na sua
mobília, e como você pode completar e organizar o que der, e como você pode
conviver com o que não puder ter.
Vai devagar. E entende que o caminho dói sim, que é difícil
aprender a viver com as faltas que a gente tem, pelo simples fato de que muitas
vezes a gente nem sabe o que tá faltando e vai tentando ocupar o espaço com
qualquer outra coisa que encaixa ali.
Eu não sei o que você está esperando, que falta você tem. Eu
nem sei o que eu tô esperando, mas eu sei bem que não adianta correr pra tentar
arrumar as coisas, eu só não sei como a gente faz pra saber lidar com isso. Mas
enquanto eu tento descobrir, eu vou ficar aqui, com a minha terapia, um sorvete
e uma taça de vinho.
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